O OLHAR DE JESUS
Recordemos
o olhar compreensivo e amoroso de Jesus, a fim de esquecermos a viciosa
preocupação com o argueiro que, por vezes, aparece no campo visual dos nossos
irmãos de experiência.
O
Mestre Divino jamais se deteve na faixa escura dos companheiros de caminhada
humana.
Em
Bartimeu, o cego de Jericó, não encontra o homem inutilizado pelas trevas, mas
sim o amigo que poderia tornar a ver, restituindo-lhe, desse modo, a visão que
passa, de novo, a enriquecer-lhe a existência.
Em
Maria de Magdala, não enxerga a mulher possuída pelos gênios da sombra, mas sim
a irmã sofredora e, por esse motivo, restaura-lhe a dignidade própria, nela
plasmando a beleza espiritual renovada que lhe transmitiria, mais tarde, a
mensagem divina da ressurreição.
Em
Zacheu, não identifica o expoente da usura ou da apropriação indébita, e sim o
missionário do progresso enganado pelos desvarios da posse e, por essa razão,
devolve-lhe o raciocínio à administração sábia e justa.
Em Simão
Pedro, no dia da
negação, não se refere ao cooperador enfraquecido, mas sim ao aprendiz
invigilante, a exigir-lhe compreensão e carinho, e por isso transforma-o, com o
tempo, no baluarte seguro do Evangelho nascente, operoso e fiel até o martírio
e a crucificação.
Em
Judas, não surpreende o discípulo ingrato, mas sim o colaborador traído pela
própria ilusão e, embora sabendo-o fascinado pelas honrarias terrestres,
sacrifica-se, até o fim, aceitando a flagelação e a morte para doar-lhe o amor
e o perdão que se estenderiam pelos séculos, soerguendo os vencidos e amparando
a justiça das nações.
Busquemos
algo do olhar de JESUS para os nossos olhos e a CRÍTICA será definitivamente banida do mundo de nossas
consciências, porque, então, teremos atingido o Grande Entendimento que nos fará discernir em cada companheiro do
caminho, ainda mesmo quando nos mais inquietantes espinheiros do mal, um irmão
nosso, necessitado, antes de tudo, de nosso auxílio e de nossa compaixão.
Emmanuel (do livro “VIAJOR” psicografado por Francisco C.
Xavier)
A Virtude
A
virtude, no seu grau mais elevado, abrange o conjunto de todas as qualidades
essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caridoso, trabalhador,
sóbrio, modesto, são as qualidades do homem virtuoso. Infelizmente, são quase
sempre acompanhadas de pequenas falhas morais, que as deslustram e enfraquecem.
Aquele que faz alarde de sua virtude não é virtuoso, pois lhe falta a principal
qualidade: a modéstia, e sobra-lhe o vício mais oposto: o orgulho. A virtude
realmente digna desse nome não gosta de exibir-se. Temos de adivinhá-la, mas
ela se esconde na sombra, foge à admiração das multidões. São Vicente de Paulo
era virtuoso. O digno Cura de Ars era virtuoso. E assim muitos outros, pouco
conhecidos do mundo, mas conhecidos de Deus. Todos esses homens de bem
ignoravam que eram virtuosos. Deixavam-se levar pela corrente das suas santas
inspirações, e praticavam o bem com absoluto desinteresse e completo esquecimento
de si mesmos.
É
para essa virtude, assim compreendida e praticada, que eu vos convido, meus
filhos. Para essa virtude realmente cristã e verdadeiramente espírita, que eu
vos convido a consagrar-vos. Mas afastai de vossos corações o sentimento do
orgulho, da vaidade, do amor-próprio, que deslustram sempre as mais belas
qualidades. Não imiteis esse homem que se apresenta como modelo e se gaba das
próprias qualidades, para todos os ouvidos tolerantes. Essa virtude de
ostentação esconde, quase sempre, uma infinidade de pequenas torpezas e odiosas
fraquezas.
O
homem que se exalta a si mesmo, que eleva estátuas à sua própria virtude, em
princípio aniquila, por essa única razão, todos os méritos que efetivamente
podia ter. E que direi daquele cujo valor se reduz a parecer o que não é?
Compreendo perfeitamente que aquele que faz o bem sente uma satisfação íntima,
no fundo do coração. Mas desde o momento em que essa satisfação se exterioriza,
para provocar elogios, degenera em amor-próprio.
Oh,
vós todos, a quem a fé espírita reanimou com os seus raios, e que sabeis quanto
o homem se encontra longe da perfeição, jamais vos entregueis a essa
estultícia! A virtude é uma graça, que desejo para todos os espíritas sinceros,
mas com esta advertência: mais vale menos
virtudes na modéstia, do que muitas no orgulho. Foi pelo orgulho que as
humanidades se perderam sucessivamente. É pela humildade que elas um dia
deverão redimir-se.
(François-Nicolas-Madeleine - Paris, 1863 - ESE)
Diferença entre provas e expiações
Muitos confundem provas do espírito com expiação. O entendimento adequado da
diferença entre o significado desses dois termos é fundamental para que o
indivíduo compreenda melhor sua vida e o sentido de sua existência tendo em
vista sua necessidade de aprimoramento moral e de resgates cármicos.
Eis o significado de cada termo:
Expiação
O vocábulo expiação também é oriundo do latim, expiatione, e tem como
significação o ato ou efeito de expiar, isto é, castigo, penitência,
cumprimento de pena.
Todavia, sabemos que Deus não castiga ninguém e o sofrimento pelo qual
estamos sendo infligidos é fruto dos nossos próprios erros. É bem verdade que a
encarnação muitas vezes constitui um aprisionamento para o espírito e
poderíamos comparar o planeta Terra, que ainda é um mundo de expiações e
provas, a um grande presídio de almas, que padecem dos mais diversos problemas
ligados às doenças, à miséria, à violência, etc. Porém, como podemos encontrar
na apostila do Curso Básico de Espiritismo da Federação Espírita do Estado de
São Paulo, tais sofrimentos, quando suportados com resignação, paciência e
entendimento, apagam erros passados e purificam o espírito que assim vai, encarnação
após encarnação, libertando-se das imperfeições da matéria.
Muitas pessoas ainda ficam estupefatas quando afirmamos que o sofrimento se
faz necessário para a correção das falhas que possuímos. Obviamente, as almas
possuem a faculdade de se melhorarem sem as dores e dificuldades infligidas na
encarnação, isto quando despertam para uma nova consciência de trabalho em prol
da reforma íntima e amor ao próximo. Entretanto, é sabido que muitos desses
espíritos ainda relutam em se despojar dos vícios e das más inclinações.
Endurecidos e cegos pelo egoísmo e pela vaidade, não conseguem se libertar dos
sentimentos que aviltam o homem e, por isso, carecem da expiação terrena para
compreenderem melhor os desígnios de Deus.
A expiação é, assim, a alavanca que move o espírito estacionário ao caminho
da perfeição.
Prova
Entendemos aqui a acepção prova como sinônimo de aprendizado para o
espírito. O Livro dos Espíritos nos ensina que, em sentido amplo, cada nova
existência corporal é uma prova para o espírito.
Prova não significa necessariamente sofrimento, como é o caso da expiação,
mas sim a aquisição de novos conhecimentos em virtude de testes a que será
submetido o espírito encarnado.
Exemplificativamente, em uma nova existência o espírito encarnado estará
sujeito a provas de paciência, de tolerância, de amor, de fé, de perseverança,
entre outras, para que possa se depurar e adquirir mais virtudes. É a reforma
íntima operando no espírito para que este possa um dia atingir a perfeição.
Fonte: www.umcaminho.com
COMPANHIAS ESPIRITUAIS
"(...) criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho;
toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa. (...) Desse modo é que os mais secretos movimentos
da alma repercutem no envoltório fluídico, que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver
o que não é perceptível aos olhos do corpo." (A Gênese - Allan Kardec - cap. XIV, 15)
A uma simples vibração do nosso ser, a um pensamento emitido, por mais secreto nos pareça, evidenciamos de imediato a faixa vibratória em que nos situamos, que terá pronta repercussão naqueles que estão na mesma frequência vibracional. Assim, atrairemos aqueles que comungam conosco e que se identificam com a qualidade de nossa emissão mental.
Através desse processo, captando as nossas intenções, sentindo as emoções que exteriorizamos e "lendo" os nossos pensamentos é que os Espíritos se aproximam de nós e, não raro, passam a nos dirigir, comandando nossos atos. Isso se dá imperceptivelmente. Afinizados conosco, querendo e pensando como nós, fácil se torna a identificação, ocorrendo então que passamos a agir de comum acordo com eles, certos de que a sua é a nossa vontade - tal a reciprocidade de sintonia existente.
Não entraremos na questão do livre-arbítrio, sobejamente conhecida dos espíritas. Sabemos que a nossa vontade é livre de aceitar ou não estas influenciações. Que a decisão é sempre de nosa responsabilidade individual.
O importante é meditarmos a respeito de quanto somos influenciáveis, e quão fracos e vacilantes somos. O Espiritismo, levantando o véu dos mistérios, nos traz a explicação clara demonstrando-nos a verdade, através desse conhecimento, e nos dá condições de vencermos os erros e sobretudo de nos preservarmos de novas quedas.
Fácil é pois, aos Espíritos, nos dirigirem. Isto acontece com os homens em geral, sejam eles médiuns ostensivos ou não.
É que, como médiuns, todos somos sensíveis a essas aproximações e ninguém há que esteja absolutamente livre de influenciações espirituais. Escolher a nossa companha espiritual é de nossa exclusiva responsabilidade. Somos livres para a opção.
No passado, sabemo-lo hoje, escolhemos o lado das sombras, trilhando caminhos tortuosos, tentadores, e que nos pareciam belos. Optamos pelo gozo material, escolhendo a estrada do crime, onde nos chafurdamos com a nossa loucura, enquanto fazíamos sofrer os seres que de nós se aproximavam. Muitos de nós ouvimos a palavra do Cristo e tivemos a sagrada ensancha de optar entre a luz e a sombra. Mas, aturdidos e ensandecidos, preferimos Mamon e César.
Após essa desatrosa decisão, que repercutiria em nosso mundo íntimo, em tragédias de dores acerbas e sofrimento prolongados pelos séculos a fora, fomos rolando, quais seixos levados pela caudal de águas turbilhonantes, tendo junto a nós aqueles que elegemos como companheiro de jornada. Até que chegamos, finalmente, ao porto seguro do Consolador.
Toda essa trajetória está magnificamente narrada por Joanna de Ângelis, no capítulo 24 de seu livro "Após a Tempestade". E ela nos adverte de que já não há mais tempo a perder: "Estes são os momentos em que deveremos colimar realizações perenes. Para tanto, resolvemo-nos em definitivo a produzir em profundidade, acercando-nos de JESUS e por Ele nos deixando conduzir até o termo da jornada."
Eis a opção que o Espiritismo nos faculta agora. Escolha consciente, amadurecida. Escolha feita por quem já sabe e conhece. Por isto mesmo muito mais responsável.
(Do livro "Obsessão/ Desobsessão" de Suely Caldas Schubert)
Conhecimento de si mesmo
919 - Qual o meio prático mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir aos arrastamentos do mal?
– Um sábio da Antiguidade vos disse: “Conhece-te
a ti mesmo”.
919-a - Concebemos toda sabedoria desse ensinamento,
mas a dificuldade está precisamente em conhecer-se a si mesmo; qual é o meio de
conseguir isso?
– Fazei o que eu fazia quando estava na Terra: no
fim do dia, interrogava minha consciência, passava em revista o que havia feito
e me perguntava se não havia faltado com o dever, se ninguém tinha do que se
queixar de mim. Foi assim que consegui me conhecer e ver o que havia reformado em mim. Aquele que, a
cada noite, se lembrasse de todas as suas ações do dia e se perguntasse o que
fez de bom ou de mau, orando a Deus e ao seu anjo de guarda para esclarecê-lo,
adquiriria uma grande força para se aperfeiçoar porque, acreditai em mim, Deus
o assistiria. Interrogai-vos sobre essas questões e perguntai o que fizestes e
com que objetivo agistes em determinada circunstância, se fizestes qualquer
coisa que censuraríeis em outras pessoas, se fizestes uma ação que não
ousaríeis confessar. Perguntai-vos ainda isso: se agradasse a Deus me chamar
nesse momento, teria eu, ao entrar no mundo dos Espíritos, onde nada é oculto,
o que temer diante de alguém? Examinai o que podeis ter feito contra Deus,
depois contra vosso próximo e, por fim, contra vós mesmos. As respostas serão
um repouso para vossa consciência ou a indicação de um mal que é preciso curar.
O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave
do melhoramento individual. Mas, direis, como proceder a esse julgamento? Não
se tem a ilusão do amor-próprio que ameniza as faltas e as desculpa? O avaro
acredita ser simplesmente econômico e previdente; o orgulhoso acredita somente
ter dignidade. Isso não deixa de ser verdade, mas tendes um meio de controle
que não pode vos enganar. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de
vossas ações, perguntai-vos como a qualificaríeis se fosse feita por outra
pessoa; se a censurais nos outros, não poderá ser mais legítima em vós, porque
Deus não tem duas medidas para a justiça. Procurai, assim, saber o que os
outros pensam, e não negligencieis a opinião dos opositores, porque estes não
têm nenhum interesse em dissimular a verdade e, muitas vezes, Deus os coloca ao
vosso lado como um espelho, para vos advertir com mais franqueza do que faria
um amigo. Que aquele que tem a vontade
séria de se melhorar sonde sua consciência, a fim de arrancar de si as más
tendências, como arranca as más ervas de seu jardim. Que faça o balanço de
sua jornada moral, como o mercador faz a de suas perdas e lucros, e eu vos
asseguro que isso resultará em seu benefício. Se puder dizer a si mesmo que seu
dia foi bom, pode dormir em paz e esperar sem temor o despertar na outra vida.
Submetei à análise questões claras e precisas e
não temeis multiplicá-las: pode-se muito bem dedicar alguns minutos para
conquistar uma felicidade eterna. Não trabalhais todos os dias visando a juntar
o que vos dê repouso na velhice? Esse repouso não é objeto de todos os vossos
desejos, o objetivo que vos faz suportar fadigas e privações momentâneas? Pois
bem! O que é esse repouso de alguns dias, perturbado pelas enfermidades do
corpo, ao lado daquele que espera o homem de bem? Não vale a pena fazer algum
esforço? Sei que muitos dizem que o presente é positivo e o futuro incerto;
portanto, eis aí, precisamente, o pensamento de que estamos encarregados de
destruir em vós, porque desejamos que compreendais esse futuro de maneira que
não possa deixar nenhuma dúvida na vossa alma. Eis por que chamamos
inicialmente vossa atenção para os fenômenos que impressionavam os vossos
sentidos e depois vos demos as instruções que cada um está encarregado de
divulgar. Foi com esse objetivo que ditamos O Livro dos Espíritos.
Santo
Agostinho
☼ Muitas faltas que cometemos passam despercebidas
por nós; se, de fato, seguindo o conselho de Santo Agostinho, interrogarmos
mais freqüentemente nossa consciência, veremos quantas vezes falhamos sem
perceber, por não examinar a natureza e a motivação de nossos atos. A forma
interrogativa tem alguma coisa de mais preciso do que o ensinamento do
“conhece-te a ti mesmo”, que freqüentemente não se aplica a nós mesmos. Ela
exige respostas categóricas, por um sim ou um não, que não deixam alternativa;
são igualmente argumentos pessoais, e pela soma das respostas pode-se calcular
a soma do bem e do mal que está em nós.
(Extraído de O Livro dos Espíritos)
Bem-Aventurados os que são Brandos e Pacíficos
A Cólera
9. O orgulho vos induz
a julgar-vos mais do que sois; a não suportardes uma comparação que vos possa
rebaixar; a vos considerardes, ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, quer
em espírito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o
menor paralelo vos irrita e aborrece. Que sucede então? – Entregai-vos à
cólera. Pesquisai a origem desses acessos de demência passageira que vos
assemelham ao bruto, fazendo-vos perder o sangue-frio e a razão; pesquisai e,
quase sempre, deparareis com o orgulho ferido.
Que é o que vos faz repelir, coléricos, os mais ponderados conselhos, senão o
orgulho ferido por uma contradição? Até mesmo as impaciências, que se originam
de contrariedades muitas vezes pueris, decorrem da importância que cada um liga
à sua personalidade, diante da qual entende que todos se devem dobrar.
Bem-Aventurados os que são Misericordiosos
Não julgueis para não serdes julgados – Atire a 1ª pedra quem
estiver sem pecado
13. “Atire-lhe a primeira pedra aquele que estiver isento de
pecado”, disse Jesus. Essa sentença faz da indulgência um dever para nós
outros, porque ninguém há que não necessite, para si próprio, de indulgência.
Ela nos ensina que não devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos
julgamos a nós mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que nos absolvemos.
Antes de profligarmos a alguém uma falta, vejamos se a mesma censura não nos
pode ser feita.
A Indulgência
16. Espíritas, queremos falar-vos hoje da indulgência, sentimento
doce e fraternal que todo homem deve alimentar para com seus irmãos, mas do
qual bem poucos fazem uso.
A indulgência não vê os
defeitos de outrem, ou, se os vê, evita falar deles, divulgá-los. Ao contrário,
oculta-os, a fim de que se não tornem conhecidos senão dela unicamente, e, se a
malevolência os descobre, tem sempre pronta uma escusa para eles, escusa
plausível, séria, não das que, com aparência de atenuar a falta, mais a
evidenciam com pérfida intenção. A indulgência jamais se ocupa com os maus atos
de outrem, a menos que seja para prestar um serviço; mas, mesmo neste caso, tem
o cuidado de os atenuar tanto quanto possível. Não faz observações chocantes,
não tem nos lábios censuras; apenas conselhos e, as mais das vezes, velados.
Quando criticais, que conseqüência se há de tirar das vossas palavras? A de que
não tereis feito o que reprovais, visto que, estais a censurar; que valeis mais
do que o culpado. Ó homens! quando será que julgareis os vossos próprios
corações, os vossos próprios pensamentos, os vossos próprios atos, sem vos
ocupardes com o que fazem vossos irmãos? Quando só tereis olhares severos sobre
vós mesmos? Sede, pois, severos para convosco, indulgentes para com os outros.
Lembrai-vos daquele que julga em última instância, que vê os pensamentos
íntimos de cada coração e que, por conseguinte, desculpa muitas vezes as faltas
que censurais, ou condena o que relevais, porque conhece o móvel de todos os
atos. Lembrai-vos de que vós, que clamais em altas vozes: anátema! tereis,
quiçá, cometido faltas mais graves.
Sede indulgentes, meus
amigos, porquanto a indulgência atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor
desanima, afasta e irrita. – José,
Espírito protetor.
(Bordéus, 1863.)
17. Sede indulgentes com as faltas alheias, quaisquer que elas
sejam; não julgueis com severidade senão as vossas próprias ações e o Senhor
usará de indulgência para convosco, como de indulgência houverdes usado para
com os outros.
18. Caros amigos, sede severos convosco, indulgentes para as fraquezas
dos outros. É esta uma prática da santa caridade, que bem poucas pessoas
observam. Todos vós tendes maus pendores a vencer, defeitos a corrigir, hábitos
a modificar; todos tendes um fardo mais ou menos pesado a alijar, para poderdes
galgar o cume da montanha do progresso. Por que, então, haveis de mostrar-vos
tão clarividentes com relação ao próximo e tão cegos com relação a vós mesmos?
Quando deixareis de perceber, nos olhos de vossos irmãos, o pequenino argueiro
que os incomoda, sem atentardes na trave que, nos vossos olhos, vos cega,
fazendo-vos ir de queda em queda? Crede nos vossos irmãos, os Espíritos. Todo
homem, bastante orgulhoso para se julgar superior, em
virtude e mérito, aos seus irmãos encarnados, é insensato e culpado: Deus o
castigará no dia da sua justiça.
O verdadeiro caráter da
caridade é a modéstia e a humildade, que
consistem em ver cada um apenas superficialmente os defeitos de outrem e
esforçar-se por fazer que prevaleça o que há nele de bom e virtuoso, porquanto,
embora o coração humano seja um abismo de corrupção, sempre há, nalgumas de
suas dobras mais ocultas, o gérmen de bons sentimentos, centelha vivaz da
essência espiritual.
Fora da Caridade não há Salvação
3. Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho. Em todos os seus ensinos, ele aponta essas duas virtudes como
sendo as que conduzem à eterna felicidade: Bem-aventurados, disse, os pobres de
espírito, isto é, os humildes, porque
deles é o reino dos céus; bem-aventurados os que têm puro o coração;
bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; bem-aventurados os que são
misericordiosos; amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos outros o que
quereríeis vos fizessem; amai os vossos inimigos; perdoai as ofensas, se
quiserdes ser perdoados; praticai o bem sem ostentação; julgai-vos a vós
mesmos, antes de julgardes os outros. Humildade
e caridade, eis o que não cessa de recomendar e o de que dá, ele próprio, o
exemplo. Orgulho e egoísmo,
eis o que não se cansa de combater. E não se limita a recomendar a caridade;
põe-na claramente e em termos explícitos como condição absoluta da felicidade
futura.
(Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo)
A INTOLERÂNCIA DE TIAGO E A LIÇÃO DE JESUS
O
trabalho de atendimento aos necessitados, realizado pelos apóstolos de Jesus na
“Casa do Caminho”, em Jerusalém, aumentava cada vez mais. Simão Pedro era muito
solicitado pelos inúmeros carentes com pedidos e queixas. Muitas dessas
criaturas perturbavam o ambiente promovendo brigas no recinto, trocando
injúrias e pescoções.
Tiago,
filho de Alfeu, o lidador do Evangelho mais agarrado ao Velho Testamento,
procurou Simão Pedro, que dirigia o grupo, para comunicar-lhe a decisão de afastar-se do
trabalho de ajuda aos carentes, devido à reinante perturbação e desordem na
Casa, e que iria viver sozinho numa casa isolada em Jope. Diante disso,
Pedro, humildemente, pediu-lhe que reconsiderasse. Tiago, porém, foi inflexível
e promoveu a mudança, indo viver numa casinha rodeada de vegetação. Nessa
tranqüilidade, passou a estudar durante meses os ensinos de Jesus, tratando as
flores e louvando a Deus, através de orações com hora acerta.
Certa
noite, Tiago passou a sentir saudade de Jesus, e, ao orar, chorou lembrando
intensamente do Mestre. Nisso, viu um desconhecido, como quem caminhava pela
noite adentro. Extasiado, Tiago reconheceu que o viajante se apresentava
aureolado de luz. Era o próprio Cristo. Imediatamente, ajoelhou-se e esticou os
braços para abraçá-lo, quando Jesus passou por ele sem parar. Tiago levanta-se
e correndo ao encalço de Jesus, gritou:
“Senhor,
Senhor! Acaso, não vês o meu coração apertado de saudade? Aonde vais, Jesus,
que não vês que eu preciso tanto de ti?”.
Jesus voltou, abraçou Tiago de leve e comunicou-lhe, num sorriso:
“Tiago, estás salvo de lutas e tentações, porém vou ao encontro de Pedro, a fim
de aliviar-lhe o fardo de humilhações e de lágrimas, no amparo aos nossos
irmãos necessitados da Casa do Caminho”. E prosseguiu viagem.
Tiago,
arrependido, reuniu seus pertences e retornou à Casa do Caminho. Recebido por
Pedro, abraçou-o e disse apenas: “Estou aqui”.
(Extraído do livro “No Roteiro de Jesus”,
cap. 50)
AQUELE QUE SE ELEVA SERÁ REBAIXADO
Por essa ocasião, os discípulos
se aproximaram de Jesus e lhe perguntaram: “Quem é o maior no reino dos céus?”
— Jesus, chamando a si um menino, o colocou no meio deles e respondeu:
“Digo-vos, em verdade, que, se não vos converterdes e tornardes quais crianças,
não entrareis no reino dos céus. —
Aquele, portanto, que se humilhar e se tornar pequeno como esta criança
será o maior no reino dos céus — e aquele que recebe em meu nome a uma criança,
tal como acabo de dizer, é a mim mesmo que recebe.” (S. Mateus, cap. XVIII, vv.
1 a 5.)
Estas máximas decorrem do princípio de humildade que
Jesus não cessa de apresentar como condição essencial da felicidade prometida
aos eleitos do Senhor e que ele formulou assim: “Bem-aventurados os pobres de
espírito, pois que o reino dos céus lhes pertence.” Ele toma uma criança como
tipo da simplicidade de coração e diz: “Será o maior no reino dos céus aquele
que se humilhar e se fizer pequeno como uma criança, isto é, que nenhuma
pretensão alimentar à superioridade ou à infalibilidade.
A mesma idéia fundamental se nos depara nesta outra
máxima: Seja vosso servidor aquele que
quiser tornar-se o maior, e nesta outra: Aquele que se humilhar será exalçado e
aquele que se elevar será rebaixado.
O Espiritismo sanciona pelo exemplo a teoria,
mostrando-nos na posição de grandes no mundo dos Espíritos os que eram pequenos
na Terra; e bem pequenos, muitas vezes, os que na Terra eram os maiores e os
mais poderosos. É que os primeiros, ao morrerem, levaram consigo aquilo que faz
a verdadeira grandeza no céu e que não se perde nunca: as virtudes, ao passo
que os outros tiveram de deixar aqui o que lhes constituía a grandeza terrena e
que se não leva para a outra vida: a riqueza, os títulos, a glória, a nobreza
do nascimento. Nada mais possuindo senão isso, chegam ao outro mundo privados
de tudo, como náufragos que tudo perderam, até as próprias roupas. Conservaram
apenas o orgulho que mais humilhante lhes torna a nova posição, porquanto vêem
colocados acima de si e resplandecentes de glória os que eles na Terra
espezinharam.
O Espiritismo aponta-nos outra aplicação do mesmo
princípio nas encarnações sucessivas, mediante as quais os que, numa
existência, ocuparam as mais elevadas posições, descem, em existência seguinte,
às mais ínfimas condições, desde que os tenham dominado o orgulho e a ambição.
Não procureis, pois, na Terra, os primeiros lugares, nem vos colocar acima dos
outros, se não quiserdes ser obrigados a descer. Buscai, ao contrário, o lugar
mais humilde e mais modesto, porquanto Deus saberá dar-vos um mais elevado no
céu, se o merecerdes.
(extraído de “O Evangelho
Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec)
O que é ser espírita
"Se o
Espiritismo, conforme foi anunciado, tem que determinar a transformação da
Humanidade, claro é que esse efeito ele só poderá produzir melhorando as
massas, o que se verificará gradualmente, pouco a pouco, em consequência do
perfeiçoamento dos indivíduos. Que importa crer na existência dos Espíritos, se
essa crença não faz que aquele que a tem se torne melhor, mais benigno e
indulgente para com os seus semelhantes, mais humilde e paciente na adversidade?
De que serve ao avarento ser espírita, se continua avarento; ao orgulhoso, se
se conserva cheio de si; ao invejoso, se permanece dominado pela inveja? Assim,
poderiam todos os homens acreditar nas manifestações dos Espíritos e a
Humanidade ficar estacionária. Tais, porém, não são os desígnios de Deus.
Para o objetivo providencial, portanto, é que devem tender todas as Sociedades espíritas sérias, grupando todos os que se achem animados dos mesmos sentimentos. Então, haverá união entre elas, simpatia, fraternidade, em vez de vão e pueril antagonismo, nascido do amor-próprio, mais de palavras do que de fatos; então, elas serão fortes e poderosas, porque assentarão em inabalável alicerce: o bem para todos; então, serão respeitadas e imporão silêncio à zombaria tola, porque falarão em nome da moral evangélica, que todos respeitam.
Essa a estrada pela qual temos procurado com esforço fazer que o Espiritismo enverede. A bandeira que desfraldamos bem alto é a do Espiritismo cristão e humanitário, em torno da qual já temos a ventura de ver, em todas as partes do globo, congregados tantos homens, por compreenderem que aí é que está a âncora de salvação, a salvaguarda da ordem pública, o sinal de uma era nova para a Humanidade.
Convidamos, pois, todas as sociedades espíritas a colaborar nessa grande obra. Que de um extremo ao outro do mundo elas se estendam fraternalmente as mãos e eis que terão colhido o mal em inextricáveis malhas".
Para o objetivo providencial, portanto, é que devem tender todas as Sociedades espíritas sérias, grupando todos os que se achem animados dos mesmos sentimentos. Então, haverá união entre elas, simpatia, fraternidade, em vez de vão e pueril antagonismo, nascido do amor-próprio, mais de palavras do que de fatos; então, elas serão fortes e poderosas, porque assentarão em inabalável alicerce: o bem para todos; então, serão respeitadas e imporão silêncio à zombaria tola, porque falarão em nome da moral evangélica, que todos respeitam.
Essa a estrada pela qual temos procurado com esforço fazer que o Espiritismo enverede. A bandeira que desfraldamos bem alto é a do Espiritismo cristão e humanitário, em torno da qual já temos a ventura de ver, em todas as partes do globo, congregados tantos homens, por compreenderem que aí é que está a âncora de salvação, a salvaguarda da ordem pública, o sinal de uma era nova para a Humanidade.
Convidamos, pois, todas as sociedades espíritas a colaborar nessa grande obra. Que de um extremo ao outro do mundo elas se estendam fraternalmente as mãos e eis que terão colhido o mal em inextricáveis malhas".
Allan Kardec
( Livro dos Médiuns - Das reuniões e
sociedades espíritas, questão 350 )
O que quer dizer “O verdadeiro espírita"
por
José Benevides Cavalcante
Um
companheiro de doutrina me chamou a atenção para um artigo de Nazareno
Tourinho, sob o título em epígrafe, objeto de acirrada discussão num grupo de
estudo do centro. Ele se referiu, na ocasião, a um gesto costumeiro em nosso
meio por parte das pessoas que afirmam que não são espíritas, mas estão
tentando sê-lo.
Achei
a matéria interessante para reflexão, pois percebi nas entrelinhas um grande
esforço do autor em despertar os espíritas para o perigo da interpretação
literal dos textos que, neste caso, pode dar asas ao moralismo ou à
intransigência dos que acham que, para ser espírita, a pessoa não pode ter
defeitos; ou, então, o contrário, desde que tenha elevadas virtudes morais, já
é espírita. Nem uma coisa, nem outra, com certeza. A expressão do pensamento,
por mais elaborada, sempre esbarra na limitação da linguagem e,
conseqüentemente, no emaranhado das interpretações, que seguem ao sabor das
conveniências.
Veja
como Allan Kardec escreveu: "Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua
transformação moral e pelos esforços que
emprega para domar suas inclinações más."1
Entendemos
que, ao dizer "verdadeiro espírita", Kardec estava se referindo ao
ideal do Espiritismo, ou seja, à meta que o Espiritismo quer alcançar em
relação aos seus adeptos, e essa meta ele a coloca no esforço em a pessoa se
melhorar e nas transformações que ela quer atingir.2 E, ao comentar
o tema "Pecado por Pensamento e Adultério", no Evangelho,3
estabelece um interessante critério para se ter uma idéia do desenvolvimento
moral das pessoas, ao afirmar: "A pessoa, que nem sequer concebe um mau
pensamento, já realizou o progresso; aquela que ainda tem esse pensamento, mas
o repele, está em vias de realizá-lo; e, por fim, aquele que tem esse
pensamento e nele se compraz, ainda está sob toda a força do mal. Numa, o
trabalho está feito; nas outras, está por fazer".
Esse
é o caminho natural que nós, os espíritas, vamos percorrer, por força do ideal
que abraçamos. Assim, Kardec entendia que, desde que uma pessoa se inteirasse
da finalidade do Espiritismo, ela já teria motivos suficientes para iniciar
essa caminhada. Para tanto, por um compromisso consigo mesma, passaria a se esforçar para se tornar
melhor e contribuir, assim, para o melhoramento da humanidade.
Mas,
entre a expectativa e a realidade há uma significativa distância. Nós,
espíritas, não somos melhores ou superiores aos não-espíritas, só pelo fato de
aceitarmos as idéias que o Espiritismo nos transmite. É preciso muito mais. No entanto, o fato de não correspondermos
inteiramente ao ideal que abraçamos não nos tira o qualificativo de espíritas;
apenas não nos dá a condição de bons espíritas ou espíritas verdadeiros, como
quer Kardec. Espírita, na verdade, é toda pessoa que aceita os princípios
básicos da doutrina, conforme as obras de Allan Kardec, mas não é
necessariamente só aquele que aplica esses princípios em sua vida. Daí podermos
dizer que, não havendo esforço em se
fazer merecedor desse qualificativo, não se trata de um bom espírita.
Em
artigo da Revista Espírita,
escrito em agosto de 1865, chamado "O que ensina o Espiritismo",
Kardec reconhece o quanto é difícil para nós alcançar uma só virtude numa
encarnação. Mas, ele não desiste dessa pretensão; pelo contrário, acredita
nela, e quer que os espíritas insistam nessa luta interior para o seu progresso
moral, como vemos no item 350 de O Livro
dos Médiuns: "De que serve acreditar na existência dos
Espíritos, se essa crença não torna o
homem melhor, mais benevolente e mais indulgente para com seus semelhantes,
mais humilde, mais paciente na adversidade? (...) Todos os homens poderiam
crer nas manifestações e a humanidade permanecer estacionária; mas tais não são
os desígnios de Deus".
Logo,
ao usar a expressão "verdadeiro espírita", Kardec se referia aos
espíritas que já assumiram consigo mesmos o
compromisso de se melhorarem, o que não aconteceria quando - aceitando,
admirando e até divulgando a doutrina - ainda não empregamos nenhum esforço
naquele sentido.
(Extraído do correiofraterno.com.br - Jun/ 2007)
O HOMEM DE BEM
“Por que me chamas
bom? Bom só o é o Pai que está nos céus!” - JESUS
“Sede perfeitos como
vosso Pai Celestial é Perfeito!” – JESUS
O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça,
de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência
sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não
praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente
alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez
a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.
Possuído do sentimento de caridade e de
amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperar paga alguma; retribui o mal
com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus
interesses à justiça.
Em todas as circunstâncias, toma por
guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com
palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a
suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma
contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar
o próximo e não merece a clemência do Senhor.
Não alimenta ódio, nem rancor, nem
desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos
benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado.
É indulgente para as fraquezas
alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta
sentença do Cristo: “Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem
pecado.” Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se
a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal. Estuda
suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos
os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em
si de melhor do que na véspera.
Não procura dar valor ao seu espírito,
nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as
ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros.
(Extraído de O Evangelho Segundo o Espiritismo)
Saber e fazer
Por José Argemiro da
Silveira
"Se
sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes" - Jesus (João,
13:17)
A sabedoria
popular afirma que "na prática a teoria é diferente". É uma frase um
tanto mal elaborada, mas expressa bem o entendimento de que só a teoria não
resolve. Na hora de aplicar o conhecimento surgem dificuldades que só serão
superadas com o exercício, com a prática. Realmente entre o saber e o fazer há
grande diferença. Achamos que sabemos, mas quando vamos fazer nos damos conta
de que, na verdade, não sabíamos. A Pedagogia, que é a arte da educação e do
ensino, nos esclarece que só aprendemos, verdadeiramente, fazer, fazendo. Ou
seja, só podemos dizer que sabemos algo depois que o praticamos, e não, por
informações ou teoria. Em outras palavras, só aprendemos a nadar, nadando;
aprendemos a tocar um instrumento musical, tocando esse instrumento; aprendemos
uma profissão, trabalhando nela. O conhecimento teórico, a informação, é de
grande utilidade, mas não basta. Só ele nada resolve. É como a seta que nos
indica a direção, a placa de sinalização na estrada que nos informa o roteiro a
seguir, para chegarmos ao destino desejado. Ela é importante, mas se ficarmos
só com a informação e não realizarmos o trajeto, nada terá valido.
As palavras de Jesus são claras: "Se sabeis estas coisas, bem-aventurados
sois se as fizerdes". Felizes se as fizermos, se as
praticarmos, e não apenas por sabermos. Que "coisas" são
estas? Naturalmente são os ensinos sobre as questões espirituais, sobre como
convivermos com o nosso próximo, como nos relacionarmos, enfim como vivermos
para alcançarmos a finalidade de nossa vida que é a evolução espiritual. É cultivarmos
o perdão, a tolerância, a solidariedade, a fraternidade, o amor. O Mestre
resumiu todos os ensinos em "amar a Deus sobre todas as coisas, e amar ao
próximo como a nós mesmos". Emmanuel, com a sabedoria que lhe é peculiar,
considera que "todas as seitas religiosas, de modo geral, somente ensinam
o que constitui o bem. Todas possuem serventuários, crentes e propagandistas,
mas os apóstolos de cada uma escasseiam cada vez mais". Apóstolo é o que
vive o ensinamento, que exemplifica, que exige de si mesmo, e não dos
outros. A advertência de Emmanuel é oportuna, porque, muitas vezes, ficamos
empenhados em aprender, em conhecer sempre mais, e queremos divulgar os
ensinos, e esquecemos do mais importante que é a sua aplicação. É como
se estivéssemos doentes e fôssemos ao médico; com exames e diagnósticos
concluídos, recebemos a receita, compramos os medicamentos mas os deixamos na
prateleira, não os utilizamos. A enfermidade não vai ser debelada, é preciso
tomar o medicamento, fazer o tratamento como indicado. E que pensar daquele que
fica procurando passar o medicamento para outras pessoas?... André Luiz nos
lembra que não devemos gastar o tempo na tentativa ansiosa de divulgar
princípios que nós mesmos não conseguimos, ou não queremos vivenciar. Nesse
caso, falta autoridade ao divulgador e sua atividade tem um pouco de
hipocrisia, porque prega para os outros aquilo que ele não experimenta, não
procura aplicar em sua vida.
Alguém poderá
dizer: mas se formos esperar por alguém que viva integralmente os ensinos para
poder divulgá-los, não haverá divulgador, porque todos somos imperfeitos.
Concordamos, em parte, com o argumento. É claro que somos imperfeitos e que
ninguém, ainda, vive, plenamente de acordo com os ensinos, mas não podemos
nos acomodar com as nossas imperfeições. Necessário estarmos sempre
conscientes de que o valor da palavra e a autoridade do divulgador dependem
sempre daquilo que ele é, de como ele pensa, sente e age. Paulo já nos alertava
que ele podia falar a língua dos Anjos, isto é, ensinar muito bem, com as
palavras mais belas possíveis, mas se não tivesse caridade, isto é, se não sentisse
amor, solidariedade, interesse pelos ouvintes, seria como um sino.
Há algum tempo
ouvíamos a exposição de uma grande educadora. Uma pessoa da assistência
perguntou: O que fazer com o aluno que não tem interesse em aprender, que só
procura criar dificuldades para o professor na sala de aula, enfim aquele jovem
mal comportado que só cria problemas, demonstrando total falta de interesse
pelo aprendizado? A educadora, depois de falar em técnicas, em recursos
pedagógicos a serem utilizados, concluiu: "O êxito do educador, em
último caso, dependerá da sua capacidade de amar, da sua vontade sincera
em ajudar o educando".
Acentua Emmanuel:
"Há sempre vozes habilitadas a indicar caminhos. É a palavra dos que
sabem. Raras criaturas penetram valorosamente a vereda, muita vez em silêncio,
abandonadas e incompreendidas. É o esforço supremo dos que fazem. Jesus
compreendeu a indecisão dos filhos da Terra e, transmitindo-lhes a palavra da
verdade e da vida, fez a exemplificação máxima, através de sacrifícios culminantes."
E mais adiante:
"Somente os que concretizam os ensinamentos do Senhor podem ser
bem-aventurados. Aí reside, no campo do serviço cristão, a diferença entre a
cultura e a prática, entre saber e fazer" 1
1 Emmanuel - do livro "Caminho, Verdade e Vida"
- pág. 49, psicografado por F. C. Xavier
(Jornal Verdade e Luz Nº 166 - Novembro de 1999 –
Ribeirão Preto - SP)
JESUS E PACIÊNCIA
Recordemos
a paciência do Cristo para exercer no próprio caminho a compreensão e a
serenidade.
Retornando,
depois do túmulo, aos companheiros assustadiços, não perde tempo com qualquer
observação aflitiva ou desnecessária.
Não
rememora os sucessos amargos que lhe precederam a flagelação no madeiro.
Não se
reporta à leviandade do discípulo invigilante que O entregara à prisão,
osculando-Lhe a face.
Não
comenta as vacilações de Pedro na extrema hora.
Não
solicita os nomes de quantos acordaram em Judas a febre da cobiça e a fome de
poder.
Não faz
qualquer alusão aos beneficiários sem memória que Lhe desconheceram o
apostolado, ante a hora da cruz.
Não
recorda os impropérios que Lhe foram atirados em rosto.
Não se
refere aos caluniadores que Lhe escarneceram o amor e o sacrifício.
Não
reclama reconsiderações da justiça.
Não busca
identificar quem Lhe impusera às mãos uma cana à Guisa de cetro.
Não se
lembra da turba que Lhe ofertara vinagre à boca sedenta e pancadas à fronte que
os espinhos dilaceravam.
Ressurgindo
da sombra, afirma apenas, valoroso e sem mágoa: –
–
“Eis que estarei convosco até o fim dos séculos...” E prosseguiu trabalhando...
Esse foi o
gesto do Cristo de Deus que transitou na Terra, sem dúvidas e sem máculas.
Relembremos
o próprio dever, à frente das pedradas que nos firam a rota, a fim de que a
paciência nos ensine a esperar a passagem das horas, porquanto cada dia nos
traz, a cada um, diferentes lições.
Emmanuel
(Do livro "Abrigo", psicografado por Francisco C. Xavier)
O Relacionamento Interpessoal
Ao
desenvolver a fraternidade, o estudo doutrinário e a interação entre os Centros
Espíritas, o “Projeto Humanizar” pressupõe o trabalho de promoção do
relacionamento interpessoal entre os espíritas, sejam dirigentes, trabalhadores
e freqüentadores de um mesmo Centro Espírita, seja entre os espíritas de forma
geral.
Não é
possível discursar sobre fraternidade e solidariedade sem o esforço de colocar
essas virtudes em prática.
O relacionamento interpessoal exige a
utilização das ferramentas do diálogo, da tolerância, da compreensão e do
auxílio, todas elas envoltas pelo sentimento do amor, exemplificado por Jesus e
constante nos diversos ensinos dos Espíritos Superiores na codificação. Cada
uma dessas ferramentas pode e deve ser utilizada constantemente, no exercício
salutar da boa convivência:
Diálogo – É saber ouvir, saber ponderar o que se ouve e saber falar sem
imposição da idéia pessoal. Ao ouvir, se for o caso, mudar de idéia ou atitude,
reconhecendo o erro, ou falha. O diálogo deve existir para a melhor convivência
do grupo, o melhor entendimento doutrinário e a melhor dinamização das
atividades.
Tolerância – É o
exercício de conviver com as diferenças individuais – de personalidade, de
caráter, de cultura, etc. – e aproveitar o que de melhor cada componente do
grupo possa dar de si mesmo.. Antes de criticar o outro, olhar para si mesmo.
Não significa deixar tudo acontecer, pois a tolerância respeita o
livre-arbítrio mas requer limites.
Compreensão – O esforço em compreender o pensamento e as atitudes daquele que
convive conosco beneficia o estabelecimento do equilíbrio, da paz, do trabalho
produtivo. Compreendendo que cada um possui limites, vamos exercitar a boa
vontade de colaborar para o bem comum.
Auxílio – Não diga: “como a tarefa não é minha, nada tenho com isso”. Se
alguém, escalado como responsável, não fez, por que você não pode fazer, a
título de auxílio e contribuição? Antes de julgar as razões da falha do outro,
julgamento que na verdade pertence a Deus, devemos estar sempre prontos a
auxiliar, não esperando recompensas e nem fazendo cobranças.